Textos Base: Mateus
5.1-2 e Atos 2.14a
INTRODUÇÃO
O pastor Hernandes Dias Lopes diz que a obra missionária é imperativa,
intransferível e inadiável. A missão é tão importante que o próprio Deus
se fez humano e veio habitar conosco. No seu projeto missionário Deus se faz
gente. Deus necessitava do testemunho do Cristo vivo, caminhando no meio dos
seres humanos. E com isso justifica o envio de cada um de nós apresentado em
Mateus 28: “Assim como o Pai me enviou Eu envio a vós…”. Esse envio tem uma
grande intensidade, pois Jesus mesmo diz: “estão vendo as coisas que Eu faço,
creia e coisas maiores vocês farão…” Isso nos traz uma grande responsabilidade.
A igreja nasce do
envio trinitário, dessa missão de Deus na festa de Pentecostes. A igreja vive a
essência missionária de sua origem no seguimento de Jesus, anunciando o Reino e
convocando a humanidade para o encontro com Deus. A missão vem de Deus e volta
para Deus.
O pacto de Lausanne oficializado em 1974 por líderes de 150 países
sintetizou a missão da Igreja dizendo que o propósito de Deus é oferecer o
Evangelho todo, por meio de toda a Igreja, a toda criatura, em todo o mundo.
Deixa, assim, bem claro que a missão de Deus é o mundo. O método de Deus é a
Igreja. O tempo de Deus é hoje. E nós fomos comissionados pelo próprio Jesus e
realizarmos essa missão.
A partir desse conhecimento muitas perguntas surgem? Como realizar essa
missão? O que eu posso fazer? Para onde ir? DO QUE PRECISAMOS PARA
REALIZAR MISSÕES?
Muitos princípios,
métodos e estratégias missiológicas surgiram como respostas a esses
questionamentos. Muitas teorias, muitos modelos, diversos escritores
apresentando como evangelizar, como alcançar os povos, e etc. E eu devo
confessar que fui tentado a buscar um desses escritores e escolher algumas
estratégias para servir como pregação esta noite.
Não é minha intenção desvalorizar as metodologias de
crescimento de igreja, de evangelismo e missões. Ao contrário, acredito que
elas são muito importantes para a vida da igreja e como ferramentas para
alcançar vidas para Cristo. E nos mesmos aqui, na nossa igreja, adotamos essas
estratégias, como é o modelo de igrejas em células. Mas se eu apenas
apresentasse esses métodos ficaria repetitivo e cansativo. Além disso, não foi
essa a palavra que Deus falou comigo.
Na verdade para responder a pergunta “DO QUE PRECISAMOS PARA
REALIZAR MISSÕES?”, que é o tema desse culto, gostaria de refletir sobre uma
atitude de Jesus e uma de Pedro, que acredito serem fundamentais para a Missão
de Deus.
Leiamos Mateus 5.1-2 e Atos 2.14a
Mateus 5.1-2 “E JESUS,
vendo a multidão, subiu a um monte, e, assentando-se, aproximaram-se dele os
seus discípulos; 2 E, abrindo a sua boca, os ensinava, dizendo:”
Atos 2.14a “Pedro,
porém, pondo-se em pé com os onze, levantou a sua voz, e disse-lhes...”
Nos textos que acabamos de ler vemos Jesus e Pedro em
instantes antes de iniciarem o qua podemos chamar de mais famosas pregações dos
mesmos: o sermão da montanha de Jesus e a pregação de Pedro no dia de
Pentecostes. Certamente todos nós aqui conhecemos bem, em um todo ou em partes,
esses sermões que marcaram os ministérios de Jesus e Pedro.
Não cumpre a nós nessa noite refletirmos sobre o conteúdo
dessas pregações a da importância da cada uma delas para as nossas vidas e para
a vida da igreja, assim como da importância das palavras contidas em cada uma
dessas pregações na Missão de Deus.
O que iremos fazer essa noite é refletir sobre as atitudes
dos pregadores antes de proferirem seus sermões e como essas atitudes devem nos
orientar na nossa missão ao cumprirmos a Grande Comissão.
1 – VER MUITO ALÉM DA
VISÃO.
O capítulo 5 de Mateus inicia o famoso Sermão da Montanha.
Antes, no final do capítulo 4, vemos Jesus sendo seguido por grandes multidões
que iam em busca de cura de seus vários males e tormentos e a bíblia diz que
Ele os curava. Essas multidões viam de muitas regiões atraídas pelos milagres
que Jesus.
Jesus estava cercado por muitas pessoas, mas Mateus chama a
atenção no inicio do quinto capítulo do seu evangelho com uma forte sentença:
“Vendo as multidões”. Parece que o autor quer chamar a atenção para um olhar
diferente de Jesus para aquelas multidões. Jesus “viu” as multidões, é o que
diz Mateus. Essa foi a sua primeira atitude antes do sermão.
No outro texto que lemos, a parte a do versículo 14 de Atos
2, temos Pedro. O contexto desse trecho é o dia de Pentecoste. Os discípulos
estavam reunidos quando o Espírito Santo desceu sobre eles e os fez falar em
outras línguas. Não demorou para as pessoas que ouviam e viam aquela cena
começasse a zombar dos discípulos, chamando-os de bêbados.
É nesse contexto que Pedro faz o seu sermão. A bíblia não
diz, mas certamente Pedro estava ouvindo àquelas zombarias e insultos. Foi
dando ouvidos que o apóstolo pode perceber a intenção no coração daqueles
homens. Pedro ouviu. Essa foi a sua primeira atitude antes de pregar.
DO QUE PRECISAMOS PARA REALIZAR MISSÕES? VER MUITO ALÉM DA
VISÃO é a primeira atitude. A primeira ferramenta.
Jesus viu além das multidões; viu além das necessidades
imediatas daquelas pessoas. Ouviu mais do que a zombaria das pessoas; e nós, se
queremos realizar a nossa missão precisamos ver muito além da visão.
Precisamos sempre ver
as pessoas além de seu estado como pecadoras e perdidas e passar a enxerga-las
como criaturas de Deus, feitos para adorá-lo e que portando precisam ser
reconciliados com o Senhor. Vendo assim, precisamos ainda entender que somos
instrumentos de Deus para essa reconciliação.
Quando começarmos a ver as pessoas não como ladrões,
drogados, prostitutas, mendigos, chatos, metidos ou como qualquer outro
estereótipo que criamos para identificar as pessoas e passarmos a vê-las como
carentes de Deus, necessitadas de salvação e de amor, passaremos a agir como
Jesus. Esse é o primeiro passo de fazer missões.
Nossa primeira
atitude para realizarmos missões é olhar para as multidões e sentir o que Jesus
sentiu em outra ocasião quando a bíblia narra que Jesus viu a multidão e se
compadeceu. A PRIMEIRA FERREAMENTA PARA REALIZAR MISSÕES É SE COMPADECER. É
sentir o que as pessoas sentem, rir com elas, chorar com elas, andar com elas,
ser apoio na necessidade. Jesus viu as multidões e se compadeceu delas.
Além de ver
precisamos também ouvir as pessoas. Ouvir significa dar atenção, perceber as
necessidades dos outros, aproveitar essas oportunidades para chegarmos com a
palavra de Deus.
Pedro ouviu aquelas palavras de zombaria, mas não ficou
apenas com elas. Ele percebeu o que estava por trás delas. Percebeu a falta de
conhecimento de Deus; a necessidade daquelas pessoas de serem confrontadas com
a sua realidade pecaminosa e de serem chamada à reconciliação com o Senhor.
Assim como Pedro precisamos ouvir o que as pessoas tem a nos
dizer e oferecer a elas o que elas precisam realmente. A bíblia narra, no livro
de Atos capítulo 3, que certa vez Pedro subia para o templo, quando um aleijado
lhe pediu esmola e a sua resposta foi: “Não tenho prata nem ouro, mas o que
tenho, isso lhe dou...” e, ordenando que o aleijado se levantasse, curou aquele
homem.
Assim tem que ser
nossa atitude diante das pessoas, olhar para elas, ver a sua real condição e se
compadecer; ouvir as pessoas, dar atenção e oferecer o melhor: o Deus que poder
curar todos os males e tormentos, dar Cristo que salva o homem do pecado e da
morte. Essa é a primeira atitude
2 – LEVANTAR-SE COMO
SE SE ASSENTASSE.
Mateus continua sua narrativa nos informando que depois de
ver as multidões Ele subiu o monte e ali assentou-se. Essa foi a segunda
atitude de Jesus.
O fato de se assentar antes de ensinar era um costume dos
mestres daquela época. Em outro memento, narrado por Lucas, encontramos Jesus
numa sinagoga e após ler as Escritura se assenta e começa a ensinar. Ao tomar
aquela atitude ali no monte, os discípulos entenderam o que Jesus ia fazer,
pois logo na sequência se aproximaram dele. Jesus procurou um lugar alto onde
pudesse ser visto a ali tomo a atitude de um mestre pronto a ensinar.
Por sua vez o escritor de Atos dos Apóstolos nos mostra
Pedro levantando-se antes de falar. Essa atitude de estar de pé nos remete a
ideia de autoridade que era colocada em Pedro naquele momento e ao mesmo tempo
de atenção, pois era a ele que se devia de ouvir naquele momento e ele não
podia estar encoberto por outras coisas. A palavra proferida é que devia toda
atenção.
LEVANTAR-SE COMO SE
SE ASSENTASSE, é a segunda atitude QUE PRECISAMOS PARA REALIZAR MISSÕES.
Levantar-se como se
se assentasse significa que precisamos estar prontos para pregarmos a palavra
de Deus. Cheios de autoridade dada pelo Espirito Santo de Deus, aquele que
nos capacita parta realizarmos a Sua obra. Mas
para estar cheio de autoridade ao pregar o evangelho também se é necessário
conhecer a palavra que se prega para não ser envergonhado quando alguém nos faz
perguntas sobre a fé e não sabemos o que responder. Ter autoridade na
Palavra requer leitura e meditação na bíblia, oração e busca de Deus.
Levantar-se como se
se assentasse é saber aproveitar as oportunidades que se apresentam diante de
nós. É ter a palavra cerca em cada ocasião. É ser mestre e estar sempre
pronto a ensinar, orientar, exortar e admoestar quando e se necessário.
Levantar-se como se
se assentasse é estar pronto a defender a fé quando somos desafiados a
defendê-la. É saber receber as críticas, mas não se calar quando o a igreja
é acusada ou quando o nome de Cristo é motivo de chacota.
Para anunciar o evangelho é preciso preparo. Temos que
conhecer a palavra. Mas só isso não serve. Temos também que dar bom testemunho,
ou seja, não dar motivos de acusação nem de escândalo ao evangelho. Levantar-se
como se se assentasse significa também uma vida digna da vocação a qual fomos
chamados.
Levantar-se como se
se assentasse significa não deixar que nada mais tome a posição de destaque da Palavra
de Deus. Temos que ter o cuidado de nosso ego não aparecer mais do que
Cristo; de que a necessidade de encher igrejas tome o lugar de da verdade,
transformando a pregação da palavra transformadora em um a palavra de
comodidade, moldada pela vontade do público e não guiada pela vontade de Deus.
Levantar-se como se
se assentasse é entender que Cristo é a centralidade e quer nossa pregação tem
que ser ele. Podemos até convidar um amigo nosso para uma programação
específica, mas evangeliza-lo é o foco.
E ainda, levantar-se
como se se assentasse significa estar pronto e disposto a pregar no monte ou em
um quarto. Isso quer dizer que não se faz missões apenas indo para outros
pais, para o sertão, para tribos indígenas. Essas atitudes são necessárias, mas
também podemos fazer missões na escola, no trabalho, na feira ou quer que
estejamos. A Palavra de Deus diz que somos comissionados a testemunhar a
palavra e a todas as pessoas aqui perto de nós ou nos confins da terra.
Precisamos tomar,
então, essa atitude de se levantar-se como se se assentasse: levantar-se com a
autoridade da Palavra, sentar-se como mestre pronto a ensinar.
3 – É PRECISO PREGAR O EVANGELHO.
Por fim irmãos, temos a última atitude. Segundo a narração
de Mateus, Jesus viu a multidão, subiu no monte e sentou e começou a ensiná-lo.
Lucas nos diz sobre Pedro que ele ouvindo as pessoas, ficou de pé com os onze e
em alta voz dirigiu-se a multidão.
Não importa todos
os muitos princípios, métodos e estratégias missiológicas, nem as muitas
teorias, muitos modelos se isso não nos fizer pregar o evangelho de forma clara
e direta às pessoas. Não importa se conseguimos ouvir e enxergar as pessoas, se
temos a sensibilidade de ver além de nossa visão, se percebemos a real
necessidade das multidões. Não importa se ouvimos o clamor das multidões, se
percebemos a falta de conhecimento de Deus e a necessidade daquelas pessoas de
serem confrontadas com a sua realidade pecaminosa e de serem chamada à
reconciliação com o Senhor, se não dirigirmos as nossas vozes à multidão e
começarmos a ensinar a verdade viva.
Não importa se estamos preparados para defender a nossa fé ou com o
conhecimento bíblico suficiente para ensinar sobre Deus e Jesus às pessoas. Não
importa se conseguimos reconhecer as oportunidades que Deus nos dá ou se
estamos tendo bom testemunho. Não importa se entendemos que a centralidade do
Evangelho de Cristo é a Palavra de Deus, que faz o homem se confrontar com o seu
pecado e o leva ao arrependimento e perdão do Senhor. Não importa se ficamos e
pé ou sentamos se em seguida não falarmos em alta voz a multidão.
Afinal como diz
Paulo escrevendo aos Romanos 10:13-1:
“Porque todo aquele que invocar o nome do SENHOR
será salvo. Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? e como crerão
naquele de quem não ouviram? e como ouvirão, se não há quem pregue?”
DO QUE PRECISAMOS PARA REALIZAR MISSÕES? É PRECISO PREGAR O
EVANGELHO. Parece meio óbvio isso, mas é a verdade. Não importa mais o que
façamos em nossas iniciativas missionárias, é preciso pregar o evangelho, essa
deve ser a atitude de todo cristão. A
pregação abundante do evangelho, portanto, não é aqui apenas o cumprimento de
uma ordem ou uma estratégia missionária, mas o reconhecimento do poder de Deus.
Uma igreja, uma pessoa, uma missão que não proclama Jesus está, paradoxalmente,
menosprezando a expressão do poder de Deus na terra e a própria essência do
evangelho, que é Jesus.
A pregação
abundante do evangelho é a essência da missão, mas muitos são os que conhecem a
Palavra, conhecem estratégias, mas não têm a coragem de pregar. Criam
argumentos, desculpas, justificativas. Muitos fogem da responsabilidade se escondendo
atrás das muitas tarefas diárias, do trabalho que tomo todo tempo, da escola
muito exigente. Muitas desculpas para não pregar.
Do que precisamos
para realizar missões? É preciso pregar o
evangelho com ousadia para que Deus se manifesta na vidas de outras pessoas
como se manifestou na nossa. Somos salvos pela manifestação de Deus. As
nações - todo aquele que crê – serão salvas pela manifestação de Deus.
Não pela capacidade da Igreja, por suas estratégias bem torneadas, por suas
mentes brilhantes, por sua habilidade linguística ou teológica – mas pela
manifestação de Deus.
É preciso pregar o
evangelho com sabedoria. A mensagem pregada por Paulo era contextualizada,
expondo Deus de forma compreensível. Não é inculturada, pregando um deus
aceitável ou desejável, mas sim um Deus verdadeiro. Jesus muitas vezes pregou
por meio de parábolas que tinha haver com coisas do cotidiano daquelas pessoas,
para que quem ouvia a sua mensagem pudesses compreender o que Ele dizia. Se
amenizarmos a mensagem do pecado contribuiremos para a incompreensão do
evangelho, o sincretismo religioso e o esfriamento do movimento missionário.
É preciso pregar o
evangelho com autoridade, entendendo que o mesmo Espírito Santo que nos
convenceu do pecado e nos chamou para a luz é o mesmo que nos capacita a pregar
a Palavra de Deus.
CONCLUSÃO
Para concluir, irmãos, DO
QUE PRECISAMOS PARA REALIZAR MISSÕES? Precisamos ter a atitude de ver as
pessoas e ouvi-las, se compadecer, sentir as suas dores e angústias, entender
qual a real situação do pecar e qual a verdadeira necessidade de cada um deles;
precisamos ter a atitude estarmos prontos, em tempo e fora de tempo, para
trazermos a palavra de salvação para as pessoas, de compreendermos as
oportunidades que Deus nos dá para cumprirmos o nosso chamado, prontos a
defendermos e testemunharmos a nossa fé; e, por fim, ter a atitude de falar às
pessoas com ousadia, autoridade e amor, falar do amor de Cristo de forma direta
a clara, de forma que ninguém diga que não entendeu.
Esse é o nosso papel, essa é a nossa missão. DO QUE
PRECISAMOS PARA REALIZAR MISSÕES? Nada mais, nada menos do que atender ao
chamado.
Nosso chamado em
Cristo é mais determinante para nosso ministério e vida cristã e não para onde
iremos ou para quem pregaremos. Somos chamados por Deus e isso deve ser suficiente
para cumprirmos a missão. Se vamos para a China, Índia ou Massapê não importa;
se vamos pregar para os Indígenas, Africanos ou colegas de trabalho ou escola,
também não é o fundamental. O chamado
bíblico é funcional, quem somos em Cristo Jesus, para pregarmos o evangelho e
isso é tudo o que precisamos fazer.
Ao descer do monte grandes multidões seguiam Jesus (Mt 8.1). Ao
terminar sua pregação Pedro viu a conversão de cerca de 3 mil homens (At 2.41).
Se quisermos viver essa realidade Vejamos além das multidões,
levantemo-nos como se se assentássemos e preguemos abundante do evangelho.
Que Deus possa nos abençoar.
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