IGREJA PRESBITERIANA INDEPENDENTE DE PENDÊNCIAS


Monday, July 02, 2012

DO QUE PRECISAMOS PARA REALIZAR MISSÕES?


Textos Base: Mateus 5.1-2 e Atos 2.14a
INTRODUÇÃO

O pastor Hernandes Dias Lopes diz que a obra missionária é imperativa, intransferível e inadiável. A missão é tão importante que o próprio Deus se fez humano e veio habitar conosco. No seu projeto missionário Deus se faz gente. Deus necessitava do testemunho do Cristo vivo, caminhando no meio dos seres humanos. E com isso justifica o envio de cada um de nós apresentado em Mateus 28: “Assim como o Pai me enviou Eu envio a vós…”. Esse envio tem uma grande intensidade, pois Jesus mesmo diz: “estão vendo as coisas que Eu faço, creia e coisas maiores vocês farão…” Isso nos traz uma grande responsabilidade.
A igreja nasce do envio trinitário, dessa missão de Deus na festa de Pentecostes. A igreja vive a essência missionária de sua origem no seguimento de Jesus, anunciando o Reino e convocando a humanidade para o encontro com Deus. A missão vem de Deus e volta para Deus.
O pacto de Lausanne oficializado em 1974 por líderes de 150 países sintetizou a missão da Igreja dizendo que o propósito de Deus é oferecer o Evangelho todo, por meio de toda a Igreja, a toda criatura, em todo o mundo. Deixa, assim, bem claro que a missão de Deus é o mundo. O método de Deus é a Igreja. O tempo de Deus é hoje. E nós fomos comissionados pelo próprio Jesus e realizarmos essa missão.
A partir desse conhecimento muitas perguntas surgem? Como realizar essa missão? O que eu posso fazer? Para onde ir? DO QUE PRECISAMOS PARA REALIZAR MISSÕES?
Muitos princípios, métodos e estratégias missiológicas surgiram como respostas a esses questionamentos. Muitas teorias, muitos modelos, diversos escritores apresentando como evangelizar, como alcançar os povos, e etc. E eu devo confessar que fui tentado a buscar um desses escritores e escolher algumas estratégias para servir como pregação esta noite.
Não é minha intenção desvalorizar as metodologias de crescimento de igreja, de evangelismo e missões. Ao contrário, acredito que elas são muito importantes para a vida da igreja e como ferramentas para alcançar vidas para Cristo. E nos mesmos aqui, na nossa igreja, adotamos essas estratégias, como é o modelo de igrejas em células. Mas se eu apenas apresentasse esses métodos ficaria repetitivo e cansativo. Além disso, não foi essa a palavra que Deus falou comigo.
Na verdade para responder a pergunta “DO QUE PRECISAMOS PARA REALIZAR MISSÕES?”, que é o tema desse culto, gostaria de refletir sobre uma atitude de Jesus e uma de Pedro, que acredito serem fundamentais para a Missão de Deus.
Leiamos Mateus 5.1-2 e Atos 2.14a
Mateus 5.1-2 “E JESUS, vendo a multidão, subiu a um monte, e, assentando-se, aproximaram-se dele os seus discípulos; 2 E, abrindo a sua boca, os ensinava, dizendo:”
Atos 2.14a “Pedro, porém, pondo-se em pé com os onze, levantou a sua voz, e disse-lhes...”
Nos textos que acabamos de ler vemos Jesus e Pedro em instantes antes de iniciarem o qua podemos chamar de mais famosas pregações dos mesmos: o sermão da montanha de Jesus e a pregação de Pedro no dia de Pentecostes. Certamente todos nós aqui conhecemos bem, em um todo ou em partes, esses sermões que marcaram os ministérios de Jesus e Pedro.
Não cumpre a nós nessa noite refletirmos sobre o conteúdo dessas pregações a da importância da cada uma delas para as nossas vidas e para a vida da igreja, assim como da importância das palavras contidas em cada uma dessas pregações na Missão de Deus.
O que iremos fazer essa noite é refletir sobre as atitudes dos pregadores antes de proferirem seus sermões e como essas atitudes devem nos orientar na nossa missão ao cumprirmos a Grande Comissão.

1 – VER MUITO ALÉM DA VISÃO.

O capítulo 5 de Mateus inicia o famoso Sermão da Montanha. Antes, no final do capítulo 4, vemos Jesus sendo seguido por grandes multidões que iam em busca de cura de seus vários males e tormentos e a bíblia diz que Ele os curava. Essas multidões viam de muitas regiões atraídas pelos milagres que Jesus.
Jesus estava cercado por muitas pessoas, mas Mateus chama a atenção no inicio do quinto capítulo do seu evangelho com uma forte sentença: “Vendo as multidões”. Parece que o autor quer chamar a atenção para um olhar diferente de Jesus para aquelas multidões. Jesus “viu” as multidões, é o que diz Mateus. Essa foi a sua primeira atitude antes do sermão.
No outro texto que lemos, a parte a do versículo 14 de Atos 2, temos Pedro. O contexto desse trecho é o dia de Pentecoste. Os discípulos estavam reunidos quando o Espírito Santo desceu sobre eles e os fez falar em outras línguas. Não demorou para as pessoas que ouviam e viam aquela cena começasse a zombar dos discípulos, chamando-os de bêbados.
É nesse contexto que Pedro faz o seu sermão. A bíblia não diz, mas certamente Pedro estava ouvindo àquelas zombarias e insultos. Foi dando ouvidos que o apóstolo pode perceber a intenção no coração daqueles homens. Pedro ouviu. Essa foi a sua primeira atitude antes de pregar.
DO QUE PRECISAMOS PARA REALIZAR MISSÕES? VER MUITO ALÉM DA VISÃO é a primeira atitude. A primeira ferramenta.
Jesus viu além das multidões; viu além das necessidades imediatas daquelas pessoas. Ouviu mais do que a zombaria das pessoas; e nós, se queremos realizar a nossa missão precisamos ver muito além da visão.
Precisamos sempre ver as pessoas além de seu estado como pecadoras e perdidas e passar a enxerga-las como criaturas de Deus, feitos para adorá-lo e que portando precisam ser reconciliados com o Senhor. Vendo assim, precisamos ainda entender que somos instrumentos de Deus para essa reconciliação.
Quando começarmos a ver as pessoas não como ladrões, drogados, prostitutas, mendigos, chatos, metidos ou como qualquer outro estereótipo que criamos para identificar as pessoas e passarmos a vê-las como carentes de Deus, necessitadas de salvação e de amor, passaremos a agir como Jesus. Esse é o primeiro passo de fazer missões.
Nossa primeira atitude para realizarmos missões é olhar para as multidões e sentir o que Jesus sentiu em outra ocasião quando a bíblia narra que Jesus viu a multidão e se compadeceu. A PRIMEIRA FERREAMENTA PARA REALIZAR MISSÕES É SE COMPADECER. É sentir o que as pessoas sentem, rir com elas, chorar com elas, andar com elas, ser apoio na necessidade. Jesus viu as multidões e se compadeceu delas.
Além de ver precisamos também ouvir as pessoas. Ouvir significa dar atenção, perceber as necessidades dos outros, aproveitar essas oportunidades para chegarmos com a palavra de Deus.
Pedro ouviu aquelas palavras de zombaria, mas não ficou apenas com elas. Ele percebeu o que estava por trás delas. Percebeu a falta de conhecimento de Deus; a necessidade daquelas pessoas de serem confrontadas com a sua realidade pecaminosa e de serem chamada à reconciliação com o Senhor.
Assim como Pedro precisamos ouvir o que as pessoas tem a nos dizer e oferecer a elas o que elas precisam realmente. A bíblia narra, no livro de Atos capítulo 3, que certa vez Pedro subia para o templo, quando um aleijado lhe pediu esmola e a sua resposta foi: “Não tenho prata nem ouro, mas o que tenho, isso lhe dou...” e, ordenando que o aleijado se levantasse, curou aquele homem.
Assim tem que ser nossa atitude diante das pessoas, olhar para elas, ver a sua real condição e se compadecer; ouvir as pessoas, dar atenção e oferecer o melhor: o Deus que poder curar todos os males e tormentos, dar Cristo que salva o homem do pecado e da morte. Essa é a primeira atitude

2 – LEVANTAR-SE COMO SE SE ASSENTASSE.

Mateus continua sua narrativa nos informando que depois de ver as multidões Ele subiu o monte e ali assentou-se. Essa foi a segunda atitude de Jesus.
O fato de se assentar antes de ensinar era um costume dos mestres daquela época. Em outro memento, narrado por Lucas, encontramos Jesus numa sinagoga e após ler as Escritura se assenta e começa a ensinar. Ao tomar aquela atitude ali no monte, os discípulos entenderam o que Jesus ia fazer, pois logo na sequência se aproximaram dele. Jesus procurou um lugar alto onde pudesse ser visto a ali tomo a atitude de um mestre pronto a ensinar.
Por sua vez o escritor de Atos dos Apóstolos nos mostra Pedro levantando-se antes de falar. Essa atitude de estar de pé nos remete a ideia de autoridade que era colocada em Pedro naquele momento e ao mesmo tempo de atenção, pois era a ele que se devia de ouvir naquele momento e ele não podia estar encoberto por outras coisas. A palavra proferida é que devia toda atenção.
 LEVANTAR-SE COMO SE SE ASSENTASSE, é a segunda atitude QUE PRECISAMOS PARA REALIZAR MISSÕES.
Levantar-se como se se assentasse significa que precisamos estar prontos para pregarmos a palavra de Deus. Cheios de autoridade dada pelo Espirito Santo de Deus, aquele que nos capacita parta realizarmos a Sua obra. Mas para estar cheio de autoridade ao pregar o evangelho também se é necessário conhecer a palavra que se prega para não ser envergonhado quando alguém nos faz perguntas sobre a fé e não sabemos o que responder. Ter autoridade na Palavra requer leitura e meditação na bíblia, oração e busca de Deus.
Levantar-se como se se assentasse é saber aproveitar as oportunidades que se apresentam diante de nós. É ter a palavra cerca em cada ocasião. É ser mestre e estar sempre pronto a ensinar, orientar, exortar e admoestar quando e se necessário.
Levantar-se como se se assentasse é estar pronto a defender a fé quando somos desafiados a defendê-la. É saber receber as críticas, mas não se calar quando o a igreja é acusada ou quando o nome de Cristo é motivo de chacota.
Para anunciar o evangelho é preciso preparo. Temos que conhecer a palavra. Mas só isso não serve. Temos também que dar bom testemunho, ou seja, não dar motivos de acusação nem de escândalo ao evangelho. Levantar-se como se se assentasse significa também uma vida digna da vocação a qual fomos chamados.
Levantar-se como se se assentasse significa não deixar que nada mais tome a posição de destaque da Palavra de Deus. Temos que ter o cuidado de nosso ego não aparecer mais do que Cristo; de que a necessidade de encher igrejas tome o lugar de da verdade, transformando a pregação da palavra transformadora em um a palavra de comodidade, moldada pela vontade do público e não guiada pela vontade de Deus.
Levantar-se como se se assentasse é entender que Cristo é a centralidade e quer nossa pregação tem que ser ele. Podemos até convidar um amigo nosso para uma programação específica, mas evangeliza-lo é o foco.
E ainda, levantar-se como se se assentasse significa estar pronto e disposto a pregar no monte ou em um quarto. Isso quer dizer que não se faz missões apenas indo para outros pais, para o sertão, para tribos indígenas. Essas atitudes são necessárias, mas também podemos fazer missões na escola, no trabalho, na feira ou quer que estejamos. A Palavra de Deus diz que somos comissionados a testemunhar a palavra e a todas as pessoas aqui perto de nós ou nos confins da terra.
Precisamos tomar, então, essa atitude de se levantar-se como se se assentasse: levantar-se com a autoridade da Palavra, sentar-se como mestre pronto a ensinar.


3 – É PRECISO PREGAR O EVANGELHO.

Por fim irmãos, temos a última atitude. Segundo a narração de Mateus, Jesus viu a multidão, subiu no monte e sentou e começou a ensiná-lo. Lucas nos diz sobre Pedro que ele ouvindo as pessoas, ficou de pé com os onze e em alta voz dirigiu-se a multidão.
Não importa todos os muitos princípios, métodos e estratégias missiológicas, nem as muitas teorias, muitos modelos se isso não nos fizer pregar o evangelho de forma clara e direta às pessoas. Não importa se conseguimos ouvir e enxergar as pessoas, se temos a sensibilidade de ver além de nossa visão, se percebemos a real necessidade das multidões. Não importa se ouvimos o clamor das multidões, se percebemos a falta de conhecimento de Deus e a necessidade daquelas pessoas de serem confrontadas com a sua realidade pecaminosa e de serem chamada à reconciliação com o Senhor, se não dirigirmos as nossas vozes à multidão e começarmos a ensinar a verdade viva.
Não importa se estamos preparados para defender a nossa fé ou com o conhecimento bíblico suficiente para ensinar sobre Deus e Jesus às pessoas. Não importa se conseguimos reconhecer as oportunidades que Deus nos dá ou se estamos tendo bom testemunho. Não importa se entendemos que a centralidade do Evangelho de Cristo é a Palavra de Deus, que faz o homem se confrontar com o seu pecado e o leva ao arrependimento e perdão do Senhor. Não importa se ficamos e pé ou sentamos se em seguida não falarmos em alta voz a multidão.
Afinal como diz Paulo escrevendo aos Romanos 10:13-1:
“Porque todo aquele que invocar o nome do SENHOR será salvo. Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? e como crerão naquele de quem não ouviram? e como ouvirão, se não há quem pregue?”
DO QUE PRECISAMOS PARA REALIZAR MISSÕES? É PRECISO PREGAR O EVANGELHO. Parece meio óbvio isso, mas é a verdade. Não importa mais o que façamos em nossas iniciativas missionárias, é preciso pregar o evangelho, essa deve ser a atitude de todo cristão. A pregação abundante do evangelho, portanto, não é aqui apenas o cumprimento de uma ordem ou uma estratégia missionária, mas o reconhecimento do poder de Deus. Uma igreja, uma pessoa, uma missão que não proclama Jesus está, paradoxalmente, menosprezando a expressão do poder de Deus na terra e a própria essência do evangelho, que é Jesus.
A pregação abundante do evangelho é a essência da missão, mas muitos são os que conhecem a Palavra, conhecem estratégias, mas não têm a coragem de pregar. Criam argumentos, desculpas, justificativas. Muitos fogem da responsabilidade se escondendo atrás das muitas tarefas diárias, do trabalho que tomo todo tempo, da escola muito exigente. Muitas desculpas para não pregar.
Do que precisamos para realizar missões? É preciso pregar o evangelho com ousadia para que Deus se manifesta na vidas de outras pessoas como se manifestou na nossa. Somos salvos pela manifestação de Deus. As nações  - todo aquele que crê – serão salvas pela manifestação de Deus. Não pela capacidade da Igreja, por suas estratégias bem torneadas, por suas mentes brilhantes, por sua habilidade linguística ou teológica – mas pela manifestação de Deus.
É preciso pregar o evangelho com sabedoria. A mensagem pregada por Paulo era contextualizada, expondo Deus de forma compreensível.  Não é inculturada, pregando um deus aceitável ou desejável, mas sim um Deus verdadeiro. Jesus muitas vezes pregou por meio de parábolas que tinha haver com coisas do cotidiano daquelas pessoas, para que quem ouvia a sua mensagem pudesses compreender o que Ele dizia. Se amenizarmos a mensagem do pecado contribuiremos para a incompreensão do evangelho, o sincretismo religioso e o esfriamento do movimento missionário.
É preciso pregar o evangelho com autoridade, entendendo que o mesmo Espírito Santo que nos convenceu do pecado e nos chamou para a luz é o mesmo que nos capacita a pregar a Palavra de Deus.


CONCLUSÃO

Para concluir, irmãos, DO QUE PRECISAMOS PARA REALIZAR MISSÕES? Precisamos ter a atitude de ver as pessoas e ouvi-las, se compadecer, sentir as suas dores e angústias, entender qual a real situação do pecar e qual a verdadeira necessidade de cada um deles; precisamos ter a atitude estarmos prontos, em tempo e fora de tempo, para trazermos a palavra de salvação para as pessoas, de compreendermos as oportunidades que Deus nos dá para cumprirmos o nosso chamado, prontos a defendermos e testemunharmos a nossa fé; e, por fim, ter a atitude de falar às pessoas com ousadia, autoridade e amor, falar do amor de Cristo de forma direta a clara, de forma que ninguém diga que não entendeu.
Esse é o nosso papel, essa é a nossa missão. DO QUE PRECISAMOS PARA REALIZAR MISSÕES? Nada mais, nada menos do que atender ao chamado.
Nosso chamado em Cristo é mais determinante para nosso ministério e vida cristã e não para onde iremos ou para quem pregaremos. Somos chamados por Deus e isso deve ser suficiente para cumprirmos a missão. Se vamos para a China, Índia ou Massapê não importa; se vamos pregar para os Indígenas, Africanos ou colegas de trabalho ou escola, também não é o fundamental. O chamado bíblico é funcional, quem somos em Cristo Jesus, para pregarmos o evangelho e isso é tudo o que precisamos fazer.
Ao descer do monte grandes multidões seguiam Jesus (Mt 8.1). Ao terminar sua pregação Pedro viu a conversão de cerca de 3 mil homens (At 2.41). Se quisermos viver essa realidade Vejamos além das multidões, levantemo-nos como se se assentássemos e preguemos abundante do evangelho.
Que Deus possa nos abençoar.

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